terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Retrospectiva da Década 2000 a 2010

Daniel Takata, do blog Raia 4, fez um levantamento muito bom dos principais acontecimentos da última década para o especial Bestswimming. Vou reproduzir aqui o texto, que tem um conteúdo de extrema qualidade.

Retrospectiva da década - Por Daniel Takata, especial para Best Swimming

Para fazer uma retrospectiva da década que está terminando agora, precisamos voltar um pouco antes do ano 2000. Mais precisamente em julho de 1999, no Campeonato Europeu de Istambul. Foi ali que realmente a década começou.

O britânico Paul Palmer surpreendeu a todos e apareceu para nadar suas provas completamente "vestido". Era o primeiro bodysuit da natação mundial. Antes dele, alguns homens já vestiam trajes que cobriam o tronco e o peitoral, como alguns Aquablades da Speedo. Mas foi ali que as empresas de artigos esportivos enxergaram uma nova possibilidade.

Em março de 2000, a Speedo lançou o Fast Skin, um traje revolucionário que diminuía o atrito com a água e imitava a pele de um tubarão. A natação nunca mais foi a mesma a partir daquela data. Desde então, tornou-se raríssimo nadadores trajando maiôs e sungas em competições de alto nível. Os trajes sempre causaram polêmica desde sua introdução, mas a vantagem oferecida era indiscutível e ninguém queria ficar para trás.

Além dos trajes, a década teve início sob grande expectativa. 2000 era ano olímpico e havia sido precedido por uma avalanche de recordes mundiais no ano anterior. Só para efeito de comparação, nos anos de 1997 e 1998 havia acontecido apenas um recorde mundial em piscina longa em cada um deles. Somente em 1999, foram 20! Em termos de recordes, nunca se viu uma década como a que termina agora.

2000

Durante a Seletiva Olímpica Australiana, a exemplo do ano anterior, Ian Thorpe continua assombrando o mundo com seus recordes e veste um traje da Adidas semelhante ao utilizado por Paul Palmer no ano anterior. O traje negro viraria a partir de então sua marca registrada. Mas o maior feito obtido naquela competição foi o recorde mundial dos 200m borboleta feminino. Após muitas tentativas, finalmente Susan O'Neill abaixou a marca da americana Mary T. Meagher conquistada em 1981, talvez o mais forte recorde da história da natação. Outro destaque no período pré-olímpico é a holandesa Inge de Bruijn. Já veterana, beirando os 30 anos, consegue uma evolução improvável para uma nadadora de sua idade e estabelece nada menos que sete recordes mundiais! Um deles, nos 50m livre, foi obtido durante o Troféu José Finkel, no Rio de Janeiro, o qual a nadadora competiu pelo Vasco. Foi o primeiro recorde mundial em piscina de 50m metros obtido em águas brasileiras desde 1961!
Nos meses que antecederam os Jogos Olímpicos, os nadadores aproveitam a boa forma para abaixar muitos recordes em campeonatos de piscina curta. No Mundial, em Atenas, destaque para os suecos Therese Alshammar e Lars Frolander e o americano Neil Walker. O Brasil, até então potência em piscina de 25m, tem sua participação mais discreta da história, com apenas uma final. No NCAA, Campeonato Universitário dos Estados Unidos, pela primeira vez em piscina de 25m, outros recordes, com destaque para Ed Moses nos 100m e 200m peito.

Na Seletiva Olímpica Americana, nenhum recorde mundial é estabelecido, o que faz os americanos temerem pela perda do domínio da natação mundial em Sydney para os australianos. Destaque para Michael Phelps, que aos 15 anos se classifica para os Jogos e se torna o mais jovem nadador da seleção americana em 68 anos.

As Olimpíadas de Sydney entram para a história como uma das mais fortes da história. Impulsionados pela nova tecnologia dos trajes, 13 recordes mundiais são estabelecidos (em Atlanta/1996, haviam sido apenas quatro). Os maiores destaques individuais são nadadores holandeses. Inge de Bruijn, conforme esperado, bate recordes mundiais nos 50m e 100m livre e 100m borboleta. Pieter van den Hoogenband vence os 100m e 200m livre. Nos 100m, se torna o primeiro a nadar abaixo de 48s e impede um inédito tricampeonato olímpico masculino, Mas a maior surpresa foi mesmo a derrota de O'Neill para a americana Misty Hyman, que abaixou quase quatro segundos de seu melhor tempo. Outros destaques: Yana Klochkova (200m e 400m medley), Lenny Krayzelburg (100m e 200m costas) e o inédito empate pelo ouro nos 50m livre masculino entre Anthony Ervin e Gary Hall Jr. O russo Alexander Popov vai na contra-mão mundial e nada suas provas de sunga. Não consegue conquistar o tri olímpico nos 50m e 100m livre, o que faz pensar se ele tivesse aderido aos trajes poderia ter conquistado os ouros.

A campanha do Brasil é decepcionante, apesar da emocionante medalha de bronze conquistada no 4x100m livre logo no primeiro dia, com Edvaldo Valério fechando a prova e saindo do quinto para o terceiro lugar. Nenhum nadador brasileiro melhora seus tempos individuais durante toda a competição. Apenas uma final individual, com Rogério Romero nos 200m costas. O otimismo mostrado pelo presidente da CBDA Coaracy Nunes Filho antes da Olimpíada aumenta a frustração.

A PROVA DO ANO: 200m livre masculino nas Olimpíadas de Sydney


2001

Michael Phelps estabelece recorde mundial dos 200m borboleta no Campeonato Americano, se tornando o mais jovem recordista mundial da história da natação masculina, aos 15 anos. No Campeonato Australiano, Ian Thorpe mostra que não se abalou com a derrota nos 200m livre nas Olimpíadas e bate dois recordes mundiais, nos 200m e 800m livre. No Campeonato Russo, Roman Sloudnov se torna o primeiro a nadar os 100m peito abaixo de um minuto.
Ian Thorpe é o destaque absoluto do Mundial de Fukuoka. Leva nada menos que seis medalhas de ouro, com quatro recordes mundiais. Duas provas são memoráveis. Nos 200m livre, consegue a revanche contra Pieter Hoogenband, acompanhando o holandês até a última virada e imprimindo um ritmo inacreditável nos últimos 50 metros, abrindo um corpo do adversário. Nos 800m, deixa o compatriota Grant Hackett liderar a prova inteira e fecha os últimos 100m metros para inacreditáveis 53s! Hackett, aliás, também teve seu momento de brilho ao bater o recorde mundial dos 1500m (em vigor até hoje, o mais antigo da natação mundial). Michael Phelps vence os 200m borboleta, melhorando mais uma vez o recorde mundial. O campeão olímpico Tom Malchow diz sobre o garoto: "Ele não se intimida com ninguém!". Roman Sloudnov melhora ainda mais a marca mundial dos 100m peito. O americano Anthony Ervin leva a dobradinha da velocidade. No feminino, os destaques são a ucraniana Yana Klochkova e a holandesa Inge de Bruijn. O Brasil novamente tem campanha discreta. Apenas uma final é alcançada, com Nayara Ribeiro nos 1500m feminino, a primeira final conquistada por uma mulher na história dos Mundiais até então.

No dia 11 de setembro, as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, vem abaixo em um atentado terrorista. Ian Thorpe estaria em uma das torres, se não tivesse voltado no meio do caminho para pegar a máquina fotográfica que tinha esquecido no hotel.

Nos Goodwill Games, em Brisbane, competição em que se destacou em 1998, Fernando Scherer nada os 100m livre, mas pára nos 50 metros e é desclassificado. Se justifica, dizendo que tentava bater o recorde sul-americano dos 50m livre. Foi a última edição da competição, que tinha sentido na época da Guerra Fria, mas depois do fim da URSS perde o sentido.

A PROVA DO ANO: 200m livre masculino no Mundial de Fukuoka


2002

O Brasil volta a ter destaque no Mundial de Curta, em Moscou. Gustavo Borges conquista a prata nos 200m livre e manteve uma tradição: sempre que participou, nunca saiu sem medalha. Eduardo Fischer é a grande surpresa, ao conquistar o bronze nos 50m peito. O maior destaque é a sueca Emma Igelstrom, com recordes mundiais nos 50m e 100m peito e no revezamento 4x100m medley. Estrelas como Aaron Peirsol e Yana Klochkova também batem recordes mundiais.
No Campeonato Americano, os destaques são Michael Phelps e Natalie Coughlin. Phelps mostra que não é somente um nadador de borboleta e supera o recorde mundial dos 400m medley em uma batalha alucinante contra Erik Vendt, que também nada abaixo da antiga marca. Coughlin se torna a primeira mulher da história a nadar os 100m costas abaixo do minuto.

Nos Jogos da Comunidade Britânica, em Manchester, Ian Thorpe se torna o maior vencedor da história, com seis ouros e uma prata. Supera o recorde mundial dos 400m livre, que seria o último de sua carreira. Petria Thomas também é destaque, com cinco ouros.

No Campeonato Europeu, em Berlim, o destaque é a equipe feminina alemã, recordista mundial dos 4x100m e 4x200m livre. Franziska van Almsick ressurge das cinzas e melhora seu recorde mundial dos 200m livre, de oito anos antes. Pieter Hoogenband volta à melhor forma e consegue nadar os 100m livre abaixo de 48s. A polonesa Otylia Jedrzejczak surpreende e bate o recorde mundial dos 200m borboleta, se tornando a primeira polonesa a deter uma marca global.

No Pan-Pacífico, em Yokohama, uma avalanche de recordes mundiais é esperada do duelo entre australianos e americanos, mas essa expectativa não é confirmada. Apenas um recorde mundial, para a equipe americana do revezamento 4x100m medley masculino. Ian Thorpe é o maior vencedor, com cinco ouros e uma prata, Natalie Coughlin consegue quatro ouros e duas pratas. Surpreendentemente, Michael Phelps é derrotado nos 200m borboleta pelo campeão olímpico Tom Malchow. É a última derrota de Phelps na prova até hoje.

A PROVA DO ANO: 400m medley masculino do Campeonato Americano


2003

Michael Phelps continua assombrando o mundo. Nos meses que antecedem o Mundial de Barcelona, mostra uma forma impressionante. No Duelo Austrália x Estados Unidos, bate novamente o recorde mundial dos 400m medley e raspa no dos 100m borboleta. Em Santa Clara, bate o recorde mundial dos 200m medley que já durava nove anos, aumentando a expectativa para o Mundial.
Em Barcelona, Phelps sai consagrado como o maior nadador do mundo. Bate recordes mundiais nos 100m e 200m borboleta e 200m e 400m medley. Se torna o primeiro homem a superar dois recordes mundiais individuais no mesmo dia. Sua performance na final dos 200m medley é memorável: depois de ter batido o recorde mundial na semifinal, abaixa novamente em mais de um segundo a marca na final. Chega mais de três segundos à frente do medalhista de prata, Ian Thorpe. É também o protagonista dos 100m borboleta, um dos maiores embates de todos os tempos. Na semifinal, bate o recorde mundial, minutos depois de ter sido estabelecido pelo ucraniano Andryi Serdinov. Na final, o americano Ian Crocker surpreende a todos e vence a prova, se tornando o primeiro homem a nadar abaixo de 51s.

Outros destaques. Alexander Popov vence os 50m e 100m livre e é aplaudido de pé pela platéia. A americana Jenny Thompson, vencedora dos 100m borboleta, se torna a maior medalhista em mundiais no feminino. Ian Thorpe vence os 200m e 400m livre e Grant Hackett os 800m e 1500m. O Brasil consegue apenas uma final, com Fernando Scherer nos 50m borboleta. A equipe brasileira não esconde que a prioridade é o Pan-Americano de Santo Domingo, que seria realizado semanas depois do Mundial.

No Pan-Americano de Santo Domingo, o Brasil conquista muitas medalhas, mas somente três de ouro: revezamento 4x100m livre masculino, Rogério Romero nos 200m costas (repetindo a vitória de 12 anos antes, em Havana) e Fernando Scherer nos 50m livre (conquistando sua sétima vitória consecutiva em Pans). Gustavo Borges, com quatro medalhas, completa 19 medalhas em Pans e se consagra como o maior medalhista brasileiro até então. A equipe feminina também tem destaque: são seis medalhas, recorde em Pans até então.

A brasileira Laura Azevedo testa positivo no exame antidoping realizado no Troféu Brasil e é afastada da equipe que disputaria o Pan de Santo Domingo. É suspensa por dois anos. Nesse período, ela consegue competir graças a uma liminar na justiça comum. Em 2005, após ter se negado a realizar um exame surpresa no ano anterior, é banida definitivamente do esporte.

A PROVA DO ANO: 100m borboleta masculino do Campeonato Mundial


2004

Na Seletiva Olímpica Australiana, Lisbeth Trickett bate o recorde mundial dos 100m livre feminino (o único da competição). Mas o maior destaque vai para a desclassificação de Ian Thorpe por queimar a largada nos 400m livre. A rigor, ele não poderia nadar a prova na Olimpíada de Atenas. Mas depois de muita pressão, Craig Stevens, o segundo classificado da prova, cede a vaga a Thorpe.
Nos Jogos Olímpicos de Atenas, Michael Phelps é aclamado como o melhor nadador do mundo, com oito medalhas, sendo seis de ouro. Sua performance não é tão avassaladora quanto a do Mundial de Barcelona, um ano antes (em Atenas, foi apenas um recorde mundial, nos 400m medley). Aaron Peirsol bate o recorde mundial dos 100m costas e vence facilmente os 200m. Os revezamentos são destaque: no 4x200m feminino, as americanas superam um recorde mundial lendário da Alemanha Oriental de 1987. Na versão masculina da prova, os Estados Unidos surpreendentemente derrotam a Austrália, de Ian Thorpe, que vinha invicta desde 1999. Os sul-africanos surpreendem o mundo no 4x100 livre masculino, vencendo com sobras e melhorando o recorde mundial com 3:13.17. A australiana Jodie Henry tem uma competição perfeita, com ouros e recordes mundiais nos 100m livre e 4x100m livre e medley.

O Brasil sai de uma Olimpíada sem medalhas pela primeira vez desde 1988, mas com uma campanha mais consistente que a de quatro anos antes. Foram cinco finais, incluindo a melhor colocação feminina da história, com o quinto lugar de Joanna Maranhão nos 400m medley. Thiago Pereira, Gabriel Mangabeira, Flávia Delaroli e revezamento 4x200m feminino são os outros destaques.

Em outubro, é disputado o Campeonato Mundial de piscina curta, em Indianápolis. Em termos de mídia e público, a competição é um sucesso. Em termos técnicos, a proximidade com a Olimpíada faz com que muitos nadadores se apresentem longe da melhor forma e outros nem apareçam. Michael Phelps disputa (e vence) apenas uma prova. A australiana Brooke Hanson é a mais eficiente, com cinco ouros individuais e um em revezamento. Aaron Peirsol, para variar, vence os 100m e 200m costas, este último com recorde mundial. Peirsol foi o nadador mais regular e consistente da elite mundial em 2004: quebrou recordes mundiais em todas as grandes competições (NCAA, Seletiva Olímpica, Jogos Olímpicos e Mundial de Curta), algo notável especialmente em um ano olímpico. Michael Phelps foi eleito o melhor do mundo, mas foi Aaron Peirsol o verdadeiro rei da natação.

Thiago Pereira conquista o primeiro ouro para o Brasil desde 1997, nos 200m medley. Também conquista o bronze nos 100m medley. Nicholas Santos é bronze nos 50m livre. Os revezamentos 4x100m e 4x200m livre são prata e bronze, respectivamente.

Gustavo Borges, maior medalhista olímpico da natação brasileira, anuncia sua aposentadoria. Uma grande festa é realizada no Pinheiros, com participação de grandes nadadores brasileiros de sua época.

A PROVA DO ANO: 4x100m livre masculino das Olimpíadas de Atenas


2005

Após muita controvérsia, Montreal realiza o Campeonato Mundial. No início do ano, a FINA havia decidido trocar a sede, argumentando que o Comitê Organizador não estava cumprindo o cronograma. Mas oito dias depois (após inclusive o suicídio do presidente do comitê organizador), a FINA reverteu a decisão.
Ao contrário dos Mundiais anteriores, não há um destaque individual em termos de multi conquistas e recordes. Com a ausência de Ian Thorpe, Grant Hackett é o destaque, vencendo os 400m, 800m e 1500m livre e superando o recorde mundial do compatriota nos 800m. Aaron Peirsol vence os 100m e 200m costas, com recorde mundial na última. Michael Phelps vence os 200m livre e 200m medley, mas é criticado por se arriscar em provas alternativas e não obter sucesso (100m e 400m livre). A performance mais impressionante da competição é obtida por Ian Crocker nos 100m borboleta, vencendo com recorde mundial que durou quatro anos. No feminino, o destaque é a equipe australiana de Lisbeth Trickett, Jodie Henry, Leisel Jones, Danni Miatke, Jessicah Schipper e Jade Edmistone, todas vencedoras de provas individuais. Os destaques brasileiros são Fernando Scherer e Kaio Márcio, finalistas nos 50m e 100m borboleta, respectivamente.

Após o Mundial, a polonesa Otylia Jedrzejczak, campeã dos 200m borboleta, se envolve em um acidente de carro em que sai gravemente ferida e seu irmão morre. Otylia se recuperaria totalmente.

No final do ano, na disputa do Open CBDA, Kaio Márcio estabelece novo recorde mundial nos 50m borboleta em piscina de 25m, na piscina do Internacional em Santos. É o primeiro recorde mundial de um brasileiro desde 1998. Nas etapas da Copa do Mundo, Kaio conquista sete vitórias e termina a temporada invicto.

Leonardo Costa, campeão pan-americano em 1999 nos 200m costas, testa positivo no exame antidoping da etapa da Copa do Mundo de Durban para a substância stanolozol. Logo após, Leonardo anuncia seu afastamento definitivo das piscinas. Cinco meses depois, Danilo Carrega é suspenso pela FINA por dois anos por ter testado positivo para a mesma substância.

A PROVA DO ANO: 100m borboleta no Mundial de Montreal


2006

Nos Jogos da Comunidade Britânica, em Melbourne, o maior destaque é a australiana Leisel Jones, recordista mundial dos 100m peito e vencedora dos 200m. Ela já havia estabelecido o recorde mundial dos 200m no Campeonato Australiano.
No Pan-Pacífico, em Victoria, expectativa para o duelo entre australianos e americanos. Mas ausências das principais estrelas australianas esvaziam o evento. Assim, os principais destaques são os americanos Brendan Hansen e Michael Phelps. Hansen bate o recorde mundial dos 200m peito e se firma como o principal nadador do estilo do mundo, depois de ter superado o recorde dos 100m no Campeonato Americano. Phelps retoma a boa forma e bate recordes mundiais pela primeira vez depois da Olimpíada de 2004. Com estilo, melhora as marcas dos 200m borboleta e 200m medley, além do revezamento 4x100m livre. Aaron Peirsol melhora mais uma vez o recorde mundial dos 200m costas. Jessicah Schipper é o destaque australiano, com recorde mundial dos 200m borboleta.

Laure Manaudou supera o lendário recorde dos 400m livre da americana Janet Evans, da Olimpíada de 1988, durante as disputas do Campeonato Francês. No Campeonato Europeu, em Budapeste, abaixa mais ainda o recorde. A equipe alemã feminina é o destaque da competição: recordes mundiais nos 4x100m e 4x200m livre, além de mais um com Britta Steffen nos 100m livre.

No Mundial de Curta, em Xangai, Kaio Márcio é o destaque brasileiro. Vence os 100m borboleta e fica com o bronze nos 50m. O destaque da competição é o americano Ryan Lochte, vencedor de seis provas, três delas com recordes mundiais (100m e 200m costas e 200m medley).

No Mundial de Águas Abertas, realizado em Nápoles, Poliana Okimoto obtém um feito inédito para a natação brasileira e é medalhista de prata nas provas de 5 e 10 quilômetros.

Ian Thorpe surpreende o mundo e anuncia a abandono das piscinas aos 24 anos. Na realidade, desde as Olimpíadas de 2004, ele pouco competira e os rumores sobre sua aposentadoria já eram fortes.

Renata Burgos vence os 50m livre no Open CBDA com índice para disputar o Mundial de Melbourne no ano seguinte, mas seu exame antidoping apresenta positivo para a substância stanozolol. É suspensa por dois anos e retoma a carreira em 2009.

A PROVA DO ANO: 400m livre feminino no Europeu de Budapeste


2007

No Mundial de Melbourne, Michael Phelps consegue ser ainda mais brilhante do que em Barcelona/2003. Vence sete provas, cinco das quais com recordes mundiais. Poderiam ter sido oito, caso o revezamento 4x100m medley não fosse desclassificado. Entra para a história sua performance nos 200m livre, na qual surpreendentemente melhora o recorde mundial de Ian Thorpe.
Outros destaques. A francesa Laure Manaudou vence os 200m e 400m livre com recordes mundiais, dando sequência aos bons resultados dos últimos anos. A australiana Lisbeth Trickett leva cinco ouros. O americano Aaron Peirsol, invicto nos 200m costas desde 2001, é derrotado de forma surpreendente pelo compatriota Ryan Lochte. O australiano Grant Hackett também perde uma longa invencibilidade: depois de 10 anos, não fica com o ouro nos 1500m livre. Ainda não é neste Mundial que o Brasil encerra o jejum de medalhas, desde Roma/1994. César Cielo e Thiago Pereira passam perto, com quartos lugares nos 100m livre e 200m medley. Cielo chega a liderar a prova durante boa parte do percurso, mas perde o bronze por quatro centésimos.

Em abril, falece no Rio de Janeiro aos 92 anos Maria Lenk, pioneira da natação brasileira e primeira mulher sul-americana a disputar uma Olimpíada, em 1932. Depois de nadar na piscina no Flamengo, sente-se mal e é socorrida, mas falece por parada cardiorrespiratória.

Fernando Scherer, duas vezes bronze olímpico, anuncia sua aposentadoria. Esperava-se que ele tentaria defender seu bicampeonato dos 50m livre nos Jogos Pan-Americanos.

O Pan do Rio de Janeiro é o melhor da história para a natação, ao menos em termos de medalhas. São 12 ouros. Os destaques são Thiago Pereira, César Cielo, Kaio Márcio e Rebeca Gusmão. Thiago tem a melhor performance da história, com oito medalhas, sendo seis de ouro. Cielo leva a dobradinha da velocidade, com um tempo nos 50m livre que seria vencedor no Mundial de Melbourne. Kaio é ouro nos 100m e 200m borboleta, e Rebeca nos 50m e 100m livre. Nas águas abertas, Poliana Okimoto leva a prata, a primeira medalha da delegação brasileira nos Jogos. Allan do Carmo é bronze no masculino.

O resultado de um exame antidoping de Rebeca Gusmão de maio de 2006 é anunciado, o qual apresenta níveis elevados de testosterona. Menos de dois meses depois, o resultado de outro exame, este da época do Pan, vem à tona. O resultado é positivo para testosterona exógena. Eduardo de Rose, da Comissão Médica da Odepa, dá uma declaração absurda na época, de que "tinha que pegar Rebeca, por questão de justiça". Outro caso complica o processo: dois DNAs foram encontrados em dois exames distintos da nadadora. No decorrer dos acontecimentos, Rebeca tem seus resultados do Pan cassados, é suspensa pelos dois resultados, o que resulta em banimento para sempre do esporte, e é inocentada da acusação de falsidade ideológica, deixando o mistério dos DNAs diferentes sem solução.

Em outubro, falece aos 75 anos Tetsuo Okamoto, primeiro medalhista olímpico da natação brasileira. Tetsuo foi bronze nos 1500m livre em Helsinque/1952 e sofria com problemas renais.

Thiago Pereira supera o recorde mundial dos 200m medley na etapa de Berlim da Copa do Mundo, em piscina de 25m. O recorde não duraria nem um mês, sendo quebrado pelo húngaro Laszlo Cseh.

A PROVA DO ANO: 200m livre masculino no Mundial de Melbourne


2008

No início do ano, mais um caso positivo de doping na natação brasileira é anunciado: Rogério Karfunkelstein testa positivo para stanozolol em exame do Open do final de 2007. É suspenso por dois anos, mas logo anuncia sua aposentadoria da natação.
A Speedo lança seu traje LZR, o primeiro não totalmente têxtil, com placas de poliuretano. Uma avalanche de recordes mundiais é superada: nada menos que 29 em piscina de 50m no período pré-olímpico, entre os quais o dos 100m livre masculino, que durava desde 2000, com o francês Alain Bernard no Campeonato Europeu.

Nos Jogos Olímpicos, Michael Phelps se torna o maior atleta olímpico de todos os tempos, com a maior performance da história. Ele supera a inacreditável façanha de Mark Spitz de 1972 (sete ouros com sete recordes mundiais) e consegue oito vitórias com sete recordes mundiais em Pequim. As vitórias do 4x100m livre (batalha com a França sendo decidida nos metros finais) e nos 100m borboleta (vitória por apenas um centésimo sobre o servo Mirolad Cavic) são as mais emocionantes.

César Cielo conquista a primeira medalha de ouro da história olímpica da natação brasileira, nos 50m livre. Na final, supera os favoritos Eamon Sullivan, Alain Bernand e Amaury Leveaux. No pódio, suas lágrimas emocionam todo o mundo. Dois dias antes, havia conquistado o bronze nos 100m livre, empatado com o americano Jason Lezak. Depois, ele reconheceria que esta é a medalha mais importante de sua carreira, o que evitou um acontecimento semelhante ao do Mundial no ano anterior (perdeu o bronze por quatro centésimos e foi pressionado para os 50m livre, o que fez com que não rendesse o esperado na final da prova).

Outros destaques. O japonês Kosuke Kitajima se torna o primeiro a vencer os 100m e 200m peito pela segunda vez consecutiva. A australiana Stephanie Rice é o principal destaque no feminino, com ouros e recordes mundiais nos 200m e 400m medley e 4x200m livre. A alemã Britta Steffen leva novamente a Alemanha ao topo do pódio, com ouros nos 50m e 100m livre.

A PROVA DO ANO: 4x100m livre masculino nas Olimpíadas de Pequim


2009

O Troféu Maria Lenk, disputado em maio no Rio de Janeiro, é a competição nacional mais forte já realizada no Brasil. Diversos tempos entre os melhores do mundo. Felipe França supera o recorde mundial dos 50m peito, o primeiro de um brasileiro em piscina olímpica desde 1982, com Ricardo Prado nos 400m medley.
César Cielo se consagra como o maior nadador brasileiro de todos os tempos. No Mundial de Roma, vence os 50m e 100m livre, se tornando o primeiro brasileiro a vencer duas provas na história da competição. Em uma prova histórica, bate o recorde mundial dos 100m livre, se tornando o primeiro homem a nadar oficialmente a prova abaixo dos 47 segundos.

Outros destaques do Mundial. A italiana Federica Pellegrini, musa da natação, vence os 200m e 400m livre com recordes mundiais. Michael Phelps conquista cinco ouros e mostra que continua sendo o maior do mundo, mas sua derrota nos 200m livre para o alemão Paul Biedermann é o que realmente ganha destaque. Biedermann ainda quebra o recorde dos 400m livre que pertencia a Ian Thorpe havia sete anos. A campanha do Brasil é a melhor da história, com 18 finais (nos 12 Mundiais anteriores, haviam sido 32). Felipe França é medalha de prata nos 50m peito.

Poliana Okimoto é a melhor nadadora de águas abertas do mundo. Depois de conquistar a medalha de bronze no Mundial de Roma na prova de 5km, conquista o Circuito Mundial, vencendo 9 das 12 etapas.

Lorena Rezende testa positivo para a substância stanolozol durante o Troféu José Finkel e é suspensa por dois anos.

O ano é marcado pela polêmica dos trajes. O Speedo LZR fica ultrapassado em relação aos concorrentes Jaked e Arena X-Glide, responsáveis pela maioria dos 147 recordes mundiais estabelecidos no ano, entre piscinas curta e longa. A FINA decide colocar um ponto final na história e proíbe para 2010 não só trajes que contenham qualquer produto não têxtil como limita seus tamanhos (apenas sungas e bermudas para homens e maiôs e macaquinhos para mulheres). A natação encerra um ciclo que se iniciou com o Fast Skin da Speedo em 2000.

A PROVA DO ANO: 100m livre masculino no Mundial de Roma

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